Não ao racismo! Não ao preconceito!

Bettyna Gau Beni
Consultora e cofundadora da Evoluigi

Com muito orgulho eu faço parte da equipe de professores do curso Segurança Multidimensional nas Fronteiras, na disciplina Gestão Estratégica e Sinergia no Trabalho em Equipe, uma iniciativa do Ministério Público em parceria com a USP e o Mackenzie.

De tempos em tempos nós, professores, somos convidados para um encontro virtual onde um tema de relevância na relação poder público e sociedade é discutido.

Hoje foi o dia do Coronel da PMSP Evanilson Souza trazer o tema A Estruturação do Programa de Combate ao Racismo desenvolvido pela Polícia Militar de São Paulo.

Tenho minhas crenças e valores, e não sou uma pessoa que levanta bandeiras de quaisquer tipos para protestar. Não critico quem o faz, só não ajo assim. Porém hoje me envergonhei, me indignei e me entristeci com o que vi.

Um convidado identificado com um codinome começa a escrever frases racistas, absurdos, no chat e na tela que estava sendo compartilhada. O palestrante, o Coronel da PMSP, negro, que aos 51 anos nos relata que sempre sofreu com o racismo, procura conduzir a sua fala para um lugar de reflexão e aprendizado.

Incrível imaginar que isso pudesse ocorrer na tela que estava bem à minha frente, em uma reunião virtual com 52 professores, supostamente um espaço para discutir um tema tão relevante: a educação. Me envergonhei, me indignei, me entristeci.

O Coronel, um homem que começou a conversa trazendo em sua fala a importância de se buscar na relação humana um melhor entendimento para o combate ao racismo, que trouxe a valiosa informação de que a Polícia Militar tem em seu quadro efetivo 37% de negros (como ele assim denominou os pretos e pardos). Segundo ele, a instituição que mais emprega negros do que qualquer outra que possamos pesquisar.

Ele começava a explicar o seu raciocínio de como a polícia se torna, ao longo do tempo, algoz de sua própria atuação, quando tudo aconteceu.

Por que isso me tocou?

Por que estou me permitindo escrever algo totalmente fora dos temas que sempre abordo?

Sou casada, e muito bem casada, com um oficial da PMESP. Muito me entristece lembrar que ao longo de 20 anos de uma linda e sólida união, vi o preconceito bater constantemente à minha porta. Eu, que trabalho constantemente com gente, falando de suas carreiras, posso afirmar que vamos encontrar bons e maus profissionais em todos os lugares.

Mas a Polícia Militar é sempre mostrada na mídia pelos seus maus exemplos, pelos seus maus colaboradores. Dificilmente vemos qualquer reconhecimento por uma atuação digna e correta que, aliás, representa a grande maioria das ações. Nos protegendo, nos servindo todos os dias, mesmo que não os vejamos, mesmo que não os reconheçamos por isso.

Me envergonho por pessoas como a de hoje, que tiveram uma conduta de desrespeito sem tamanho, e também me envergonho por quem somente critica a Polícia Militar, muitas vezes “por tabela”, somente pelo que vê na mídia, frequentemente de forma distorcida, sem nunca ter passado por alguma experiência ruim com a polícia.

Eu estou indignada, envergonhada, entristecida. E hoje me manifesto dessa forma na intenção de contribuir com um pouco mais de luz nesse grande problema que é o preconceito, de todas as formas que ele possa se manifestar.

Fiz um print da tela, mas não tenho a coragem nem de olhar de novo para aquilo.

A reunião teve que ser derrubada e um novo link, em outra plataforma, foi enviado. O Coronel continuou de uma forma brilhante e totalmente focado no conteúdo que se propôs a trazer.

A sua fala, sempre agregadora, humanizada (sim, um policial militar também pode ser humanizado!!), incentivando a educação, o diálogo, a tolerância, o combate aos estereótipos impostos pela sociedade, foi absolutamente impecável.

Fica a pergunta para reflexão: o quanto cada um de nós é preconceito, o quanto de nós não é? O que podemos fazer, de fato, para combater toda essa maldade e desrespeito?

* Leia o que saiu na mídia sobre o brilhante trabalho do Coronel Evanilson Souza.

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