Carreiras Reais: Marina, de executiva a empresária. Uma deliciosa inspiração!

Bettyna Gau Beni
Consultora e cofundadora da Evoluigi

Sabe uma daquelas pessoas que você admira tanto que nem parece verdade quando você tem a oportunidade de um bate papo? Essa é Marina Salama para mim. Uma mulher forte, elegante, decidida, admirável.

Fiquei muito feliz quando nos reencontramos depois de um longo tempo, e mais feliz ainda por ela aceitar o meu convite para falar um pouco sobre a sua vida e carreira.

Começamos com o significado de SUCESSO. Marina divide o sucesso em duas frentes: profissional e pessoal.

Para ela, o sucesso pessoal é estar em linha com os seus valores. Tem a ver com as pessoas com quem você convive, com felicidade. E acrescenta:

“_ A vida é feita de altos e baixos. Eu acho que o sucesso é uma espécie de satisfação que você tem com as coisas que você conseguiu atingir.”

Já o sucesso profissional tem a ver com o começo de tudo, desde a escolha da faculdade. Antes disso até… Marina lembra que o seu irmão foi estudar no Colégio Bandeirantes, muito tradicional aqui em São Paulo, e os seus olhos brilharam. Então ela disse à sua mãe que gostaria de mudar de escola, pois entendia que precisava disso para entrar em uma boa faculdade. Marina se lembra desse fato como o momento em que começou a fazer as suas próprias escolhas.

Ela adorava o ensino médio, muito embora naquela época as salas de aula no colégio fossem separadas entre meninas e meninos. Outros tempos!

“_A gente não se misturava. Fazíamos campanha para ter salas mistas.”

Marina sempre gostou muito de animais e da natureza, e foi isso que sempre a moveu. Ela quis cursar Medicina Veterinária, mas depois desistiu porque se deu conta de que não queria ver os bichos sofrerem.

Então foi cursar Psicologia, mas percebendo que não era disso que gostava, pois teria que lidar com os problemas de outras pessoas, desistiu após o primeiro ano.

Aí decidiu se formar Biomédica, quando direcionou o seu olhar para as pesquisas, uma área que gostou bastante. Pensando sobre isso hoje, Marina acha que teria tido sucesso se tivesse optado por continuar na área acadêmica. Mas, influenciada pela mãe, uma headhunter que tinha como modelo ideal a carreira focada no universo corporativo, terminou a faculdade e saiu do Brasil em uma espécie de ano sabático, aproveitando para aperfeiçoar a sua fluência no idioma Inglês e explorar as possibilidades que poderia ter no exterior.

“_ Era uma época em que a gente tentava fazer alguma coisa fora do país porque o Brasil estava muito complicado.”

Ela fez de tudo um pouco, até trabalhar em supermercado. Até que o seu tio, que trabalhava em uma multinacional do segmento farmacêutico, conseguiu indicá-la para uma entrevista de estágio no sul da França. Marina passou no processo seletivo e ficou lá por 6 meses fazendo pesquisas para a indústria de medicamentos, uma experiência que agregou muito para as fases que estavam por vir.

Quando retornou ao Brasil, queria continuar na área de pesquisa e conseguiu isso em seu primeiro emprego formal, aos 22 anos, em uma multinacional farmacêutica. Mas na época a área de pesquisa de medicamentos ainda era relativamente pequena no Brasil, com foco mais para vendas e marketing. As pesquisas que a interessavam, a investigação propriamente dita, eram realizadas somente no exterior.

Marina trabalhou alguns anos na pesquisa clínica na indústria e depois voltou para a França, onde fez parte de uma pequena indústria de biotecnologia que produzia anticorpos, uma área que hoje é mais difundida, mas que era algo muito inovador na época, embarcando novas tecnologias, o que era muito interessante aos olhos de Marina.

De volta ao Brasil e sempre sob a influência da mãe, que tinha o olhar para a carreira corporativa, ela foi aos poucos migrando para a área de Marketing e assumiu o cargo de Gerente Comercial de Produto.

Conta que, aos poucos, foi se encontrando na indústria, achando o seu mundo.

“_ Também tem muito a ver com quem você trabalha, quem são os seus colegas, o quão inserida e identificada você está no ambiente.”

Marina permaneceu por mais de 20 anos na indústria ligada a medicamentos e produtos médicos, sempre atuando com produtos especiais voltados para oncologia, transplantes, cardiologia e terapias intensivas.

Sobre PRECONCEITOS, Marina viveu uma mudança muito significativa no mercado dos propagandistas (aquelas pessoas que visitam os médicos para falar dos produtos e medicamentos diretamente a quem vai receitá-los). Era um mundo essencialmente masculino, que começou a mudar no início dos anos 1990.

Ela diz que sofreu preconceito sim, mas entende que, acima de tudo, se beneficiou do momento, porque estava preparada e sentiu-se favorecida por ser mulher justamente na época das mudanças, quando as multinacionais estavam começando a incentivar ambientes mais diversos.

“_ As conversas sobre mulheres no poder já acontecem há mais de 40 anos. Eu fui criada por uma mulher sozinha, que cuidou dos filhos e tocou tudo sozinha. Uma época em que existia o desquite mas não se podia casar de novo.”

Marina entendia que tinha que se superar de alguma maneira. E está feliz com o que conquistou. Tem orgulho por nunca ter dependido de ninguém para ter uma casa, cuidar do filho, enfim, ter o seu sustento a partir do seu trabalho.

“_ É uma questão de querer se dar bem. Não se limitar por preconceitos. A postura que a gente tem diante das situações faz com que a gente modifique a situação. Eu ensino isso para o meu filho.”

Recentemente relembrando de algumas histórias com as suas tias, Marina percebeu que nunca antes tinha se dado conta que, além de ser mulher, existem muitos outros fatos em sua vida que remetem ao preconceito: seu pai, judeu, teve que sair do Egito às pressas, com o que coubesse em uma mala.

“_ Existem eventos traumáticos que estão na história da minha família, mas eu só percebi recentemente, porque hoje o mundo está em caixinhas.”

Diversas situações em sua vida pessoal fizeram com que Marina decidisse empreender. Eram muitas demandas externas ao trabalho e ela não conseguia mais manter o foco como antes, e se cobrava por isso. E ela entendeu essa mudança como uma ajuda da vida para que ela pudesse ter novas experiências.

Empreender é um grande desafio, e ela logo percebeu que seria necessária uma readequação financeira, porque no início precisaria investir mais e receber menos. O que não foi exatamente um problema para Marina, que viu uma oportunidade para repensar suas prioridades.

Assim como para tudo em sua vida, Marina encontrou um outro olhar positivo para a sua nova fase: a aproximação com o filho, porque agora estava mais perto e logo percebeu que ele tornou-se emocionalmente mais seguro.

Sobre o FUTURO, Marina diz:

“_Estou feliz, mas eu não eu acabei.”

Atualmente está buscando aprofundamento em estudos na sua área de paixão: a pesquisa. Mais especificamente, tratamentos inovadores, controversos e extremamente disruptivos com CBD, ou, como talvez seja mais conhecido, com a canabis medicinal. Os estudos nessa área devem levá-la para os Estados Unidos no próximo ano.

Enfim, as minhas anotações desse delicioso bate papo não acabam! Dá pra escrever mais alguns artigos.

Mas vou parando por aqui e compartilho o que ficou de mais importante para mim: a lição e inspiração de uma grande mulher que está apenas começando mais uma fase de sua vida e de sua carreira. Afinal, por que parar?

Bettyna Beni é Mentora de Vida & Carreira.  Sócia e consultora na Evoluigi. Sua paixão é apoiar pessoas na jornada do autoconhecimento para que elas cuidem da vida pessoal e da carreira, com olhar atento às saúdes emocional, espiritual, física, financeira, social, intelectual, familiar e profissional.
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