É possível se mostrar vulnerável sem parecer frágil?
Bettyna Gau Beni
De acordo com Brené Brown, que escreveu A Coragem de ser Imperfeito, é necessário coragem para ser vulnerável. E eu acredito nisso.
Muito se fala sobre o líder mostrar a sua vulnerabilidade para ser empático e se conectar com o seu time, mas quando consigo perceber essa vontade ou essa capacidade em alguns dos líderes com os quais tenho convivido, percebo que há uma grande distorção entre os conceitos de vulnerabilidade e fragilidade. Talvez por falta de entendimento, talvez porque o dicionário muitas vezes coloca as duas palavras como sinônimas, talvez porque se este líder se permitir ser humano ele entenda que terá menos respeito ou “poder” sobre seu time, ou ainda por diversas outras razões.
Mas o que é ser vulnerável? Como o próprio nome do livro de Brené Brown: é a coragem de ser imperfeito, de se mostrar humano, com todos os ônus e bônus disso.
E fragilidade? Uma das definições do dicionário trata da qualidade dos objetos e materiais de perder seu estado original com facilidade, de se quebrarem. E quando algo se quebra, há uma perda, correto?
Pois bem, o meu ponto é justamente que acredito que a vulnerabilidade tem a capacidade de conectar as pessoas, pois demonstra a sua humanidade, enquanto percebo que a fragilidade tem a tendência de fazer exatamente o contrário. Ninguém quer ficar o tempo todo perto de pessoas fracas, reclamonas, pessimistas, que se “quebram”, e isso nada tem a ver com não ter problemas e, sim, com não ter a coragem de assumi-los e enfrentá-los, mesmo que a decisão seja não fazer nada a respeito, mas que isso seja uma decisão e não obra do acaso.
Faz parte da responsabilidade de um líder a tomada de decisão, por mais dura e impopular que possa ser, por mais lhe que cause dor e ainda que demonstre a sua vulnerabilidade. Aquele que decide se faz forte, se mostra comprometido, inspira as pessoas, gera credibilidade, fomenta um bom ambiente organizacional e cria a base para a construção e gestão de times: a confiança.