Diversidade: será que não estamos querendo colocar as pessoas em uma nova caixinha?
Bettyna Gau Beni
Consultora e cofundadora da Evoluigi
O tema diversidade vem sendo exaustivamente abordado nos dias atuais. Eu concordo que ele é muito relevante, porém percebo que em alguns casos é muito mais sobre marketing do que sobre acreditar de fato no tema.
Para mim diversidade vai além das questões de raça, gênero, religião ou quaisquer outros fatores que tenhamos em mente para motivar ou justificar a segregação.
Diversidade é sobre pessoas diferentes… e ponto.
Meus estudos sobre pessoas, seus comportamentos, seus processos de autoconhecimento e desenvolvimento sempre me levam à mesma conclusão:
Cada um de nós é único em nossa combinação de traços e somos belos justamente por isso.
E se entendermos que nossos traços de caracteres* são comuns a todos os seres humanos, apenas apresentando porções diferentes em cada um de nós, seremos capazes de perceber, entender e reconhecer algo em comum: o fator humano.
*Obs.: Por traços de caracteres ou caráteres entenda os traços, a energia que está impressa em um corpo, representando o funcionamento da sua mente. São formados a partir da mielinização do sistema nervoso durante a gestação até mais ou menos cinco anos de vida.
Voltando ao fator humano, é muito comum, ao menos nos dias atuais, esperarmos que todos sejam empáticos, se relacionem bem com todos, sejam acolhedores etc. etc. etc.
Eu penso que se esperamos que todos se comportem de forma parecida a fim de atender única e exclusivamente expectativas do mundo à nossa volta, não estamos, de fato, aceitando a diversidade.
Na verdade somente estamos mudando a “caixinha” em que colocamos as pessoas. Agora é uma caixinha que pede que se todos abraçarem a empatia (volto ao exemplo pois é algo que todos querem trabalhar hoje em dia), os resultados, pessoais ou profissionais, serão atingidos.
Acontece que alguns traços de caracteres são mais frios, mais pragmáticos, mais objetivos do que outros. E eles são igualmente importantes e relevantes. E mais: eles representam a forma como o cérebro daquela pessoa se programou para sobreviver no mundo de acordo com suas dores e seus recursos. Então, não seria pretencioso demais e até desrespeitoso demais exigirmos que ela seja algo que não é?
E é muito bom que eles existam porque o que seria do vermelho se não fosse o azul? Se essas duas cores se misturassem por completo, elas deixariam de existir na sua individualidade!
Nesse sentido, seria possível que todos fossem empáticos o tempo todo, acolhedores o tempo todo, e ninguém fosse pragmático e objetivo o suficiente para lidar com alguns desafios que demandam mais esse tipo de postura, esse tipo de energia? E como os resultados nesse contexto poderiam ser atingidos?
Se todos são demandados a andar pelos mesmos caminhos, ainda que sejam bons caminhos, como podemos pensar que estamos aceitando a diversidade?
Eu entendo que o respeito deve estar acima de tudo.
Uma pessoa não deveria ser cobrada para que aceite a diversidade, cobrada para que corresponda às expectativas de todos, mas tão somente poderia aprender, a partir de um olhar adequado para a educação, desde a sua infância, a respeitar.
E com relação a respeito, devo insistir para que o respeito a si próprio venha antes de tudo. Se para alguém é muito difícil aceitar algo, se aquele tema vai tão contra os seus valores, aquela pessoa pode somente respeitar e ainda assim buscar um melhor caminho para conviver sem perder a sua essência. Ou não?