Carreiras Reais: Dra. Paloma Rocha, uma mulher de fé extremamente corajosa
Bettyna Gau Beni
Consultora e cofundadora da Evoluigi
“Tenho um componente de fé muito importante na minha vida. Eu sempre quis servir a Deus em qualquer profissão que Ele escolhesse para mim.”
Paloma me contou que desde pequena sempre fez a sua busca por Deus.
Ela nunca teve certeza de que carreira seguir. Eram muitas opções: odontologia, biologia, oceanografia… podia escolher o que quisesse, mas queria servir a Deus e às pessoas.
Na verdade mesmo, Paloma sempre gostou de esportes. Praticou judô desde pequena e o seu maior sonho era ser atleta, fazer parte da seleção brasileira e tudo o mais.
O judô foi muito importante em sua vida. Filha de um pai militar e uma mãe educadora, convivia com muita disciplina em sua casa. E a prática do judô contribuiu na sua formação. Não podia imaginar a sua vida sem esse esporte.
E ela estudava porque tinha que estudar. Sempre gostou de estudar, mas teve a fase do judô…
No final do ensino médio ela até participou de uma importante competição e ficou em 3º lugar. Recebeu uma bolsa para continuar estudando e treinando.
Naquela época, o seu sonho era entrar logo em uma faculdade para seguir com a sua vida longe de casa. Depois percebeu o quanto ficar perto da família era importante para ela. Queria a sua independência sim, mas não precisava ser longe dos pais.
Foi quando surgiu a oportunidade de fazer um curso intensivo de três meses que a levou a estudar biomedicina, uma das possibilidades que ofereciam mais oportunidades de trabalho.
Durante o curso, Paloma aprendeu e amadureceu muito. Pensou em estudar para ser perita que era, a seu ver, a melhor opção de trabalho na época. Quando começou a trabalhar, tinha em mente que trabalharia com gratidão em qualquer área. O seu objetivo era atuar em um ambiente onde pudesse levar Deus com ela, sem focar diretamente no dinheiro que poderia ganhar, mas sabendo que ele viria como resultado de um bom trabalho.
Logo os seus pais a incentivaram a seguir com os estudos e fazer o vestibular para medicina.
Como leiga, perguntei à Paloma a diferença entre biomedicina e medicina. De uma forma bem rápida e pouco aprofundada, enquanto a medicina permite que o profissional tenha uma consultório e atenda pacientes, a biomedicina habilita o profissional a atuar com análises clínicas, toxicologia e diagnóstico por imagem, por exemplo.
Pois bem, Paloma decidiu fazer o vestibular para medicina e passou. Nunca havia imaginado que isso pudesse acontecer, até porque entende que nunca havia se preparado como deveria.
Fazer duas formações seguidas foi um desafio para ela e também para os seus pais, que não mediram esforços para que a filha se formasse, mesmo com todos os desafios financeiros que se apresentaram.
“Foram tempos bem difíceis.”
Sobre a sua rotina atual na residência médica, Paloma é Clínica Geral e fez uma prova para ter acesso direto. Anteriormente para fazer residência ela teria que ter uma especialização prévia, mas o cenário mudou.
Como clínica médica trabalhando como intensivista, na UTI, ela realiza exames, avalia os pacientes, define as condutas a serem tomadas, recebe os especialistas na UTI: cardiologistas, nefrologistas, neurocirurgiões, hematologistas. Ela também emite os boletins médicos e passa informações para as famílias dos pacientes.
Como lida com pacientes em estado grave, é frequente Paloma ter que lidar com grandes vitórias, quando eles saem da UTI, mas também com momentos de muita tristeza. Momentos em que se até se permite chorar junto às famílias, em um gesto de empatia e respeito.
“Me motiva saber que sou útil ao próximo. Poder ajudar, poder somar.”
Mas como será que ela lida com as suas próprias emoções? Bem, ela aprendeu que não pode levar toda a dor com a qual convive quase que diariamente para sua casa. Então, para a sua família ela compartilha mais os momentos de felicidade, e raramente fala dos momentos muito tristes.
“Cada paciente deixa uma marca na gente.”
Paloma me disse que, durante a pandemia, ela e os profissionais da saúde em geral, enfrentaram momentos bem complicados, com medo do desconhecido, sem recursos para ajudar os pacientes, entubando várias pessoas por dia, e mesmo assim perdendo muitas vidas.
Foi quando percebeu que teria que aprender a levar o mínimo de dor para a sua própria vida. Passou a encarar cada dia como uma oportunidade de aprendizado e evolução, e entendeu que para trabalhar bem em uma UTI teria que deixar de levar para casa tudo o que via e vivia durante o dia.
Paloma se descobriu realizada como uma médica pronta para atender emergências. Hoje atua também no resgate aeromédico e sabe que tudo o que puder fazer para se desenvolver como profissional, sem descuidar do seu equilíbrio, da sua saúde, a ajudará a ser uma pessoa melhor.
Um grande desafio da profissão? Lidar com as expectativas das pessoas, que confiam tanto no profissional, que esperam que eles tenham solução para tudo. Se possível, a resposta positiva que eles tanto procuram. Outro grande desafio é o reconhecimento e a remuneração, nem sempre à altura do sacerdócio que é o exercício da profissão.
Sobre conciliar a vida pessoal com o trabalho, Paloma buscou nas raízes da sua criação a disciplina que precisava para voltar a organizar a sua rotina e conseguir conciliar tudo o que quer e precisa fazer. O desafio sempre foi encontrar uma pessoa que fique ao seu lado e entenda os desafios da agenda de um médico. E ela conseguiu!
O que é sucesso para a Dra. Paloma?
“Pode parecer clichê, mas sucesso é você se sentir realizada fazendo aquilo que gosta e, como consequência, ser remunerada pelo seu trabalho. É deixar o seu nome marcado nas pessoas. É fazer um trabalho de qualidade para que dê frutos, para que seja reconhecido. Não necessariamente ser elogiada o tempo todo, mas saber que foi um trabalho bem feito.”
Paloma se considera essa pessoa de sucesso. Muito embora ainda seja nova e tenha uma longa jornada pela frente, ela já tem uma história de carreira sendo construída desde que se formou, em 2019. Trabalhou em vários lugares, encarou diversos desafios, e sabe que hoje está melhor do que há alguns dias, há alguns meses. Ela sabe que evoluiu.
Um conselho para quem quer seguir os mesmos passos?
“O meu conselho é buscar fazer aquilo que te agrada. O dinheiro será consequência. Uma pessoa tem que fazer aquilo que tem aptidão pra fazer. No fim dá tudo certo. O importante é viver, trabalhar, dormir em casa (não é gostoso?… risos), aproveitar as coisas simples da vida.”
Que conselho poderia ser melhor?
Gratidão, Dra. Paloma Rocha!