Autoconhecimento: o início de tudo
Bettyna Gau Beni
Consultora e cofundadora da Evoluigi
O autoconhecimento é um processo que permite que cada pessoa tenha acesso às suas competências naturais e também às adquiridas, e reflita sobre elas.
Com o autoconhecimento uma pessoa pode conhecer e reconhecer suas preferências, os motivos pelos quais escolhe e age de uma ou de outra forma, pode refletir sobre os seus valores e saber quais são os seus inegociáveis.
Quando uma pessoa se permite iniciar a jornada do autoconhecimento e coloca luz sobre algumas questões, ela se torna mais capaz de compreender o que a motiva, o que a desmotiva, o que a deixa feliz e realizada, o que a deixa com medo ou ansiosa, e pode mudar o que entende não ser bom para ela.
Somente quando abrimos espaço em nossas agendas para o processo de autoconhecimento é que conseguimos nos relacionar melhor conosco, tendo clareza sobre o que pensamos, o que sentimos, acolhendo as nossas vulnerabilidades.
Somos capazes de fazer com que o relacionamento com o outro ocorra de forma mais equilibrada e harmoniosa para que os diálogos se transformem e, no final de tudo, para que os resultados apareçam.
Quantos de nós já vivemos uma situação onde parecia simplesmente impossível trabalhar com alguém pois acreditávamos não gostar dessa pessoa, por exemplo?
Em minha experiência no mundo corporativo e também como consultora de empresas, por diversas vezes vivi e presenciei isso. E, não raro, quando conseguíamos realizar reuniões de alinhamento sobre os projetos em andamento, observávamos que as pessoas envolvidas tinham perfis absolutamente diferentes e, pela falta de autoconhecimento, sem conseguirem entender e gerir suas emoções e controlar suas ações, entendiam as interações e discussões sempre por um viés pessoal.
As empresas costumam utilizar ferramentas de assessment para provocar reflexões e, com isso, iniciar o processo de autoconhecimento. O problema é que elas normalmente são utilizadas somente para os níveis mais altos da organização, frequentemente quando as pessoas já se tornaram líderes.
E o que acontece até que as pessoas cheguem lá? E o que dizer das pessoas que nunca chegam a ocupar posições de liderança, quaisquer que sejam os motivos?
No meu entendimento, as empresas teriam um ganho enorme se utilizassem as ferramentas de assessment desde o processo seletivo, ou , no mínimo, desde o processo de onboarding (integração) de um novo colaborador.
Com um feedback adequado e com os devidos alinhamentos com a liderança, o novo membro já chegaria na sua equipe consciente do seu perfil, atento à tudo que pudesse deixá-lo desconfortável, pronto para fazer todos os alinhamentos necessários com o seu líder, que, por sua vez, poderia orientá-lo de forma mais assertiva e já contribuindo não somente para o seu processo de autoconhecimento mas também para o seu processo de desenvolvimento.
Existem muitos ganhos para uma organização que investe no autoconhecimento como parte do processo de desenvolvimento de seus colaboradores:
1. Melhora no clima organizacional: um colaborador que se conhece, reconhece seu potencial e tem condições de assumir seus erros e buscar soluções. Tem uma autoestima elevada e é capaz de respeitar e se relacionar melhor com os outros.
2. Melhora na comunicação: os colaboradores passam a entender que existem formas diferentes de se comunicar efetivamente com os mais diversos perfis.
3. Melhora no desempenho: pessoas certas nos lugares certos, valorizando o potencial e as entregas.
4. Melhora nos resultados: um bom clima organizacional e uma boa comunicação são fundamentais para a confiança, que é base para a formação de times de alto desempenho. E, por fim, o alto desempenho leva aos resultados.
E, então?
Que tal começar a considerar o autoconhecimento como parte do processo de gestão de pessoas da sua empresa ou organização e utilizar de toda a sabedoria que pode imergir desse processo em prol dos resultados?