RH: Recursos, Talentos, Humanos ou Resultados?
Bettyna Gau Beni
Recentemente um grupo de profissionais do qual faço parte (RHs e não RHs) iniciou uma discussão sobre o RH ser ou não humano, ser ou não estratégico, estar ou não de fato preocupado em falar uma linguagem que todos os níveis de uma organização entendam… enfim, um verdadeiro chamado à reflexão sobre quem é o RH e se ele é ou não uma área estratégica.
O que tenho visto em minhas andanças como consultora de empresas não é diferente do que vivi quando eu fazia parte deste RH: o RH quer ser humano mas nem sempre tem essa oportunidade porque também é cobrado por resultados e, na ânsia de se provar como estratégico, muitas vezes pesa a mão e não traz o humano para o centro da conversa.
E de nada adianta mudar o nome da área para Gestão de Pessoas, Gestão de Talentos, Talentos Humanos, Resultados Humanos, enfim, toda sorte de ideias, na minha visão, mirabolantes, mas que na verdade não mudam nada pois o nome é somente um conceito vazio sem que haja um grande esforço em conduzir uma mudança consistente a partir, principalmente, da alta liderança, que é o grupo capaz de empoderar o RH e conduzir uma mudança que permeie todos os níveis da organização.
Essa é apenas uma reflexão, e me incluo em cada palavra que pode parecer dura ou que sugira críticas à área, mas gostaria de compartilhá-la principalmente com os RHs, pois nem todos entendem as dores da nossa área, onde sempre recai uma grande expectativa de que magicamente se saiba tudo sobre gente e se resolva todas as questões, problemas e dilemas com maestria. Em meus mais de 20 anos de RH percebi o quanto toda a empresa espera que os RHs sejam os salvadores e curandeiros de todas as dores, sem que haja um processo consistente de desenvolvimento e responsabilização dos líderes, sem que haja o entendimento de que a gestão de pessoas não é função do RH, mas de todo e qualquer líder de uma organização.
Faz parte do papel do RH, sim, ser o curador ou guardião da cultura, oferecer ferramentas, políticas, processos bem estruturados para dar suporte à liderança de forma que essa desempenhe bem o seu papel. Embora muitos não gostem de pensar no RH como uma área de suporte, por entenderem que isso não é estratégico, na minha opinião ser uma área de suporte é fundamental e crucial: dar suporte significa dar SUSTENTAÇÃO ao negócio. E, nesse sentido, penso que o RH é isso mesmo: Recursos, Talentos, Humanos, Resultados… tudo junto e misturado.